terça-feira, 7 de abril de 2009

Menos escolas = mais cadeias


Pense rápido: o que você prefere ao lado de sua casa? Uma escola ou um presídio? Se depender do governo estadual pessoas que outrora viam o movimento de crianças com cadernos e livros ao abrir a janela em breve verão homens algemados.

É manchete de capa na ZH de hoje (junto com a tragédia dos terremotos na Itália) que o governo Yeda quer utilizar prédios do governo, hoje desativados, e transformá-los em albergues para presos do regime semiaberto. Entre os tais prédios estariam antigas escolas estaduais, algumas fechadas no ano passado.

Não que eu concorde com tudo que diz (faz) a dona Rejane Oliveira do Cpers-Sindicato, mas dessa vez ela está coberta de razão quando diz que "quanto mais escolas se fecham, mais presídios se abrem". Nossos presídios, hoje, não passam de escolas do crime, não resociabilizam o preso. Não adianta fazer prisões, mas sim evitar que o indivíduo precisa ser mandado para uma prisão.

Todos os governos (não é exclusividade da Yeda) querem ver o povo burro, para que continue colocando um bando de incompetentes sanguessugas no poder. Então pra que escolas? Fecham-nas ou deixam de construir novas. Sem estudo e oportunidade até o Joãozinho, aquele das piadas com respostas criativas para a professora, foi obrigado a virar bandido.

As cadeias estão superlotadas e em mal estado. Governo estadual e federal tem projetos para construção de novos presídios (entre eles um para jovens, aqui em São Leopoldo). Agora, além disso surge essa ideia dos albergues, como forma de diminuir os custos, substituindo a construção de algumas dessas prisões.

Beleza, os prédios estão abandonados, o governo estadual tem um custo de manutenção com os mesmos. Então que deem uma finalidade para eles. Mas ainda acho mais inteligente que as antigas escolas voltem a ser escolas! Com professores recebendo salário em dia, material escolar, livros e jovens recebendo algo que ninguém poderá tirar, o conhecimento.

Muitos bandidos, hoje amontoados nos presídios, gostariam de ter estudado, ter uma oportunidade de aprender uma profissão e exercê-la. Quanto mais escolas e oportunidade de emprego forem criadas, menos presídios serão necessários.

O que fazer para alcançar esse ideal?

A resposta, governadora, não está nas grades e sim nos livros.



PS1: Um incêndio destruíu 60% do presídio em São leopoldo. Alguns presos foram transferidos, outros conseguiram o privilégio da prisão domiciliar pois não havia paraonde mandá-los.

PS2: Existem políticos em que confio menos do que nos presidiários.

PS3: Alguns deles, aliás, deveriam estar no lugar dos presidiários.

PS4: No CQC da última segunda Marco Luque fez uma piada após uma matéria sobre falta de material escolar em São Paulo: "No meu colégio sempre faltava caderno, lápis, MUNIÇÃO...". Nem tão piada assim, infelizmente.



Foto: Montagem com imagens do Google Images

5 comentários:

Desirée! disse...

Boa Lipe! Parabéns pela desenvoltura e criatividade para escrever assuntos polêmicos! Mas isso não muda... Ta tudo errado, mas ninguém reclama. E o grande problema esta ai. O povo ve que não esta certo, até comenta com um amigo, mas fica por isso mesmo. Antes a "voz de Deus" se unisse em prol de reivindicações! Mas não dá tempo né... Ta todo mundo muito preocupado em fechar o vidro do carro diante do "muleque" que se aproxima enquanto a sinaleira esta fechada... Muleque esse, que poderia estar frequentando aquela escola que foi desativada, mas que por ironia do destino, poderá frequentar o destino que se deu ao tal lugar... a cadeia. Afinal, de quem é a culpa?

Nathalia Rigolin disse...

Pra que dar educação? Gente ignorante não faz revolução; não tem voz; nao tem argumentos contra o governo. Eles vão fazer isso com as escolas e futuramente até com as universidades. Não formam o povo para o mercado de trabalho e pra sorbeviver só roubando mesmo! A culpa? É do topo da pirâmide e nós, a base, fingimos que não é com a gente.

Bob Seibert disse...

Por isso eu sou a favor da pena de morte!

Rodrigo Dias disse...

Vou ter que discordar de ti em alguns pontos, Felipe. Lógico, quanto mais escolas, melhor. Mas não se pode dizer que a falta delas é culpa extrema dos governantes.

Apesar do Bolsa Família ser uma medida paliativa em alguns estados, eles obrigam as famílias a colocar as crianças na escola. Quem não estiver, tem o benefício cortado. Não tem vagas na escola? Bem, aí são outros 500.

Da mesma forma que não tem escolas, não tem professores. Culpa dos governos? Nem sempre. Vale lembrar que muitos professores estão longe da sala para fazer tarefas administrativas, alguns em sindicatos. Ok, são alguns, mas estão fora da sala de aula. Recebem pouco, é verdade, mas isso é outro assunto.

Para fazer escola, necessita-se de muito dinheiro. É preciso abrir concurso publico e, quando alguém resolve mudar algumas regras, os professores caem de pau em cima. Algumas medidas eu acho de extrema importância, já os professores não.

Agora, com relação aos presídios... Cara, é necessário ter mais cadeia. Isso é óbvio. E isso não é porque "quanto menos escolas, mais cadeias serão necessárias". Existem muitas pessoas que são presas que têm escolaridade alta. Não são a maioria, mas existem.

O problema é que os municípios, também, não querem fazer porra alguma. Reclamam do excesso de criminalidade, mas não querem que presídios sejam construídos em seus territórios. O que querem? Colocar todos em uma vala comum e dar um monte de tiros? Parece que é.

Vale ressaltar que muitos presos são reincidentes porque as cadeias não têm um mínimo de condições para abrigá-los. Ok, são presos, fizeram coisas erradas e têm que pagar por isso. Mas não podem ficar em condições sub humanas. Excesso de presos em celas que deveriam abrirar, 5, 10 pessoas. Falta de pessoas que queiram ir nos presídios para fazer aquilo que o Estado propõe: a ressocialização.

Então, não é apenas culpa do Governo Federal ou Estadual. Tem muito do municipal e, às vezes, até da própria sociedade, que reclamam, mas que não aceitam as soluções propostas.

O Estado continua sem dinheiro. A melhor idéia seria privatizar as cadeias e, para isso, o Estado poder investir em escola. Mas é só falar a palavra "privatização" que a galera já começa a falar mal, que é coisa de neoliberal, etcetera e tal. Depois tomam no cu e não gostam.

Enfim: o buraco é muito mais embaixo e precisa da colaboração de todos. Se nós não fazemos a nossa parte, os demais também não farão.

www.etceteraetal.com

André disse...

E tem outra questão que é fundamental.


A necessidade de escolas está, PARADOXALMENTE, diminuindo.

Quando teve toda a polêmica da enturmação, eu tive a oportunidade de assistir umas 8 entrevistas da secretária da Educação. Pessoalmente eu fui convencido de que o processo que estava sendo levado à cabo era BOM e RACIONAL. A mulher conseguiu demonstrar que mesmo em administrações petistas, como a de Pepe Vargas, haviam sido fechadas escolas por falta de crianças. É racional querer melhorar a ocupação das escolas, fechando unidades desnecessárias.

Na outra ponta, entretanto, não para de aumentar a demanda por vagas no sistema prisional. Qualquer presídio novo tem a ocupação lotada em alguns meses. O resultado é uma superlotação escandalosa.

Pessoalmente eu não sou daqueles deterministas qwue acha que educação formal ou a falta de é fator chave na criminalidade. Escola não ensina NADA hoje em dia, muito menos noções de ética e cidadania.

Também não faltam exemplos de pessoas de NOBRE camada social que são contraventores, bandidos, corruptos, etc..., da mesma forma como existem exemplos em profusão de pessoas de origem humilde e que podem ostentar um caráter invejável.

Mas daí quando alguém levanta a bandeira de metas e de produtividade para os professores, eles não se envergonham em defender seus interesses corporativos e sectários. Tampouco se envergonham nossos políticos e formadores de opinião com suas demagogas idéias em favor dos "Direitos Humanos", um conceito tão deturpado que de suas origens pouco resta.

O negócio é baixar a lenha em todo mundo, hehe...


Abraços,
André.