terça-feira, 22 de março de 2011

Ode ao jornalismo

Charles Tatum telling the "truth" #not
Que me perdoem Rei Roberto e Tremendão... A ideia surgiu em um exercício de aula na Unisinos. Descrevi (ou tentei) a rotina de um jornalista.

Seguindo o mote de narrar o ofício de um profissional em forma de prosa e inspirado na música O Taxista (Roberto Carlos / Erasmo Carlos), saiu isso. Muita coisa, claro, fazendo referência as minhas obrigações diárias. Coisa bem específica, mas acho que está valendo. Lá vai:

O jornalista

Saio para o trabalho á pé, pois não tenho carro
Meu destino, todos os dias, é a estação de trem
Com o sono sempre atrasado, entro no vagão
Pelos trilhos, aquele caminho se repete
Geralmente apressado, mal vestido
Vou correndo e subo no coletivo
A porta se fecha, o ônibus arranca
Bato o ponto, no elevador vou subindo

Sou jornalista
No rádio, no jornal ou na revista
Depois de anos estudando,
O diploma é uma conquista

Acompanho o feed das agências
O tempo todo atualizado
Rádio-escuta, faço a ronda, redijo nota
Quando sou chamado

Durante o dia ouço e conto histórias
O que de mais importante está acontecendo
Faço de tudo um pouco nesta empresa
O esforço é quase sobre-humano

Sou jornalista
Na TV, na internet ou na revista
Não estou em um palco,
Mas tem que contar histórias como artista

A rotina nem sempre é a mesma
As notícias não escolhem hora
É morte no trânsito, muita chuva ou estiagem
Faço então um relatório mostrando que a audiência melhora

Tento agradar os editores, produtores e repórteres
E trabalhar sempre sorrindo
Mas ainda sou um ser humano
E só eu sei às vezes o que estou sentindo

Sou jornalista
No rádio, no jornal ou na revista
Depois de anos estudando,
O diploma é uma conquista

Sou jornalista
Na TV, na internet ou na revista
Não estou em um palco,
Mas tem que contar histórias como artista

Me sinto cansado com tanto trabalho na redação
Tem ainda aquele plantão na madrugada
O excesso de café ajuda a despertar
Mas não vejo a hora de voltar pra casa

Com o que ganho nem penso em filhos
Quem sabe se fosse pra assessoria?
Dar “tchau” para hora extra e para os serões
E finalmente ter folga nos domingos

Sou jornalista
Escuto, apuro, entrevisto
Mesmo reclamando,
Jornalismo é minha vida


E abaixo segue a versão original, homenageando os taxistas. Eles, aliás, são uma das principais fontes dos jornalistas #ficadica.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Que marmota é essa???

Que Cleo Khun que nada! Quer saber a previsão do tempo pergunte a marmota! Pelo menos é o que fazem os moradores da cidade de Punxsutawney, que pela complexa pronúncia é a Itaquaquecetuba do nordeste dos Estados Unidos. O dia 2 de fevereiro é conhecido por aqueles pagos como o Groundhog Day, o Dia da Marmota.

Funciona assim: você vai até a toca de uma marmota, se o tempo estiver nublado e ela sair da toca o inverno vai ser mais curto, se o dia estiver ensolarado e ela ficar na toca, assustada pela sua sombra, o inverno vai ser longo, árduo e tenebroso. O popular "de renguear cusco". Bobagem? Ok, pode ser, mas quem somos nós para questionar tradições alheias?

Bill Muray e Andie MacDowell
Você que tem seus 20 e poucos ou vinte e todos anos com certeza já assistiu essa história em uma Sessão da Tarde da vida. O filme "O Feitiço do Tempo" (Groundhog Dog, 1993) tem o dia em que celebra-se o roedor como pano de fundo.

Bill Murray é o homem do tempo de uma TV local, um Paulo Borges melhorado, que é escalado para cobrir o Dia da Marmota. O cara faz isso todos os anos, está de saco cheio e louco para das no pé, mas inexplicavelmente fica preso no mesmo dia.

Dorme e acorda todos os dias no mesmo Dia da Marmota. Aí vem aquele lance de repensar sua vida e toda aquela moral hollywoodiana das comédias água com açucar. Que fique bem claro que não falo isso pejorativamente, até porque o filme é massa bagarai.

Aliás, rateou a dona Globo de não aproveitar o gancho. Seria muito melhor assistir novamente este clássico do que um dos 512 filmes sempre igual da Xuxa... Chuparam bala, hein!!!

Dona Maria do Carmo perguntaria:
Que marmota é essa?
Para você que não assistiu o filme, vai aí uma seleção de cenas em que Phill Connors (personagem de Murray) encontra o corretor de seguros Ned Ryerson (Stephen Tobolowsky), o legítimo colega mala sem alça e nem rodinhas de escola. Todos os dias. O mesmo dia.

Feliz Dia da Marmota!!!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Um tango argentino não me vai bem melhor que um blues

É amigos, essa frase da música "À Palo Seco" do (onde está o) Belchior traduz bem o momento de contratações da dupla Gre-Nal. Tenho 25 26 anos de sonho e de planos e de América do Sul, mais precisamente de Rio Grande do Sul, e é evidente a admiração dos gaúchos pelo futebol dos hemanos.

Diferente dos meus conterrâneos, não sou paga pau de argentino. Sou gaúcho e brasileiro, nesta ordem. Porém, independente de naturalidade, temos que reconhecer a qualidade de alguns jogadores platinos. Maradona, Di Stéfano, Messi... Gênios da bola, verdadeiros craques.

O ano de 2011 tem tudo para tornar-se o ápice do argentinismo da era moderna na dupla Gre-Nal. O Inter que já contava com os ídolos Guiñazu e D'Alessandro contratou Cavenaghi e pode trazer Bolatti. O primeiro um centroavante que busca jogo, finaliza bem, bate faltas... Ok, tá valendo. Mas o segundo é um volante, na modesta opinião do blogueiro, limitado. Pelo interior tem "Bolattis" em meia dúzia de times e mais baratos... A diferença deste? Ele "habla castellano"... E hoje em dia isso é sinônimo de grife no RS.

Cavenaghi de terno e gravata ou Garrincha de regata e chinelo de dedo?
Quem você prefere no seu time? Foto: Divulgação/Inter
No lado tricolor, sem hermanos desde que a torcida ficou orfã de Maxi López, a novidade deve ser Dámian Escudero que começou no Vélez, passou pelo Villareal e estava no Boca para ser o "herdeiro" do algoz tricolor, Riquelme. Só por ser argentino, o meia já arranca sorrisos dos adeptos da metade azul. Os mesmos gremistas que lamentaram a saída de Jonas são aqueles que preferiam o "quase-gol" Herrera no lugar do agora atacante do Valência em 2009, não esqueçamos.

Para mim é indiferente se o cara é brasileiro, argentino, senegalês, do Cazaquistão... O importante é jogar bola. Irrita um pouco a supervalorização de jogadores por terem nascido neste ou naquele país.

Para alguns a grama do vizinho é sempre mais verde.



O vídeo está meio tosco, mas curtam a música da banda argentina Bersiut Vergarabat, do álbum Hijos del Culo (2000). Toco y me voy, como diria Galvão Bueno:



Bersuit Vergarabat - Toco y me voy

Te la toco de primera
Vos si querés la agarrás
Cada jugada que sueño se hace realidad
O pareciera... algo casual.
Aunque pongas la barrera
Yo te la mando a guardar
Toda la vida es un baile y te pueden bailar
Aunque no quieras , lo verás
En una cancha o en un bar...

Dando la vuelta manija me doy
Subiendo al latido de esta vibración,
Caño , taquito , chilena y tablón
El fuego sagrado de mi corazón ...

Toco y me voy
La camiseta es como un dios
Toco y me voy
No importa cuál sea el color...
Toco y me voy
La camiseta es como un dios
Toco y me voy
No importa cuál sea el color...

Y si me pintan la cara
Hoy no me voy a achicar
Cuando me muerda la pena no voy a llorar
Ha terminado el festival...
En un picado cualquiera
Mi alma se echa a rodar,
Este es el juego que siento y no pienso parar
Yo pongo el cuerpo hasta el final
En una cancha o en un bar...

Dando la vuelta manija me doy
Subiendo el latido de esta vibración
Tunel, jueguito y toma para el gol
El juego sagrado de mi corazon

Toco y me voy
La camiseta es como un dios
Toco y me voy
No importa cuál sea el color
Toco y me voy
La camiseta es como un dios
Toco y me voy
No importa cuál sea el color
Banderas al viento en la bienvenida

Toco y me voy
La camiseta es como un dios
Del cuadro que sigas toda tu vida
Toco y me voy
No importa cuál sea el color
Banderas al viento en la bienvenida

Toco y me voy
La camiseta es como un dios
Del cuadro que sigas toda tu vida
Toco y me voy
No importa cuál sea el color ...

Mais sobre Bersuit Vergarabat

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Corujão

Em breve, olheiras à la W. Waack
Eis que antes do programado minha rotina vai mudar (novidade...). A partir de segunda-feira viro um "madrugueiro". Enquanto você que perde (?) seu tempo lendo esta postagem estiver dormindo, aproveitando alguma balada de meio de semana ou fazendo coisa melhor (sim, isso mesmo que você pensou) eu estarei trabalhando. Não posso mentir que fiquei totalmente surpreso. No trabalho existe um revezamento onde todos passam uma temporada de dois longos e arrastados meses trabalhando entre 2h e 8h. Começaria na metade de fevereiro, mas mudanças na equipe anteciparam minha fase corujão para terça-feira.

 Quem trabalha em maravilhosos horários, como este, está sujeito a sentir na pele/sangue/órgãos sintomas comuns do diabetes e de doenças cardiovasculares, como mostra a matéria publicada no G1, em 2009. Aliás, publicada às 5h, pelo madrugueiro de plantão. Não que eu já não tenha apresentado sintomas bem comuns em doenças cardíacas pelo simples (simples?) estresse da rotina "tranquila" de um postulante a jornalista. Por dois meses vou trocar o dia pela noite, dormir durante o dia, com o sol entrando pelas frestas da janela e o calor das manhãs de São Hellforno.

Pelo menos não vou precisar de uniforme
E o que significa isso, na palavra de especialistas? Um trecho de uma reportagem do Jornal da Globo: Quem dorme durante o dia, sofre a influência de diversos estímulos, como claridade e barulho, que impedem um sono de qualidade. “Seu sistema nervoso vai ser abalado, sua memória fica prejudicada, sua resistência física não é a mesma”, diz o neurologista de comportamento, José Walmir Barrote Júnior.

O jeito é tentar ao máximo acelerar a adaptação. E são só dois meses. Passa rápido, voando. Vou sobreviver da forma mais saudável possível para alguém que trabalha assombrado pelo fantasma da velocidade da informação proferindo xingamentos sobre sua lerdeza de forma sussurrada no ouvido. Jornalismo não combina com saúde, horários regrados para alimentação e sono. Fato. E como diz o Night Owl (Coruja Noturna, na tradução tosca), um dos representantes dos trabalhadores noturnos deste mundo: "We where supposed to make the world a better place".


Criando uma nova tradição, paradoxalmente falando, ou não, segue uma música relacionada ao tema. Exageros e ironias à parte, obrigado Deus pela "awful lot of coffee" no Brasil!!! Vou precisar!!!

The Coffee Song (Frank Sinatra)


Way down among Brazilians
Coffee beans grow by the billions
So they've got to find those extra cups to fill
They've got an awful lot of coffee in Brazil

You can't get cherry soda
'Cause they've got to fill that quota
And the way things are I'll bet they never will
They've got a zillion tons of coffee in Brazil

No tea or tomato juice
You'll see no potato juice
The planters down in Santos all say no no no
The politician's daughter
Was accused of drinking water
And was fined a great big fifty dollar bill
They've got an awful lot of coffee in Brazil

You date a girl and find out later
She smells just like a percolator
Her perfume was made right on the grill
Why they could percolate the ocean in Brazil

And when their ham and eggs need savor
Coffee ketchup gives 'em flavor
Coffee pickles way outsell the dill
Why they put coffee in the coffee in Brazil

So your lead to the local color
Serving coffee with a cruller
Dunking doesn't take a lot of skill
They've got an awful lot of coffee in Brazil

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Top 5 - Futebol Bizarro

Top 5 das bizarrices futebolísticas no mês de setembro.

1. O atacante Wellington Dias quer uma vaguinha na seleção. Só que não na do Dunga... na do Bernardinho. Gol de mão escandaloso que deu a vitória para o Paraná sobre o Ceará na 25ª rodada da Série B. (19/09)




2. Erro "fenomenal" do zagueiro André Dias. Falha de comunicação entre ele e o goleiro Bosco. Ronaldo, que o que tem de gordo tem de craque, aproveitou. Depois Washington empatou, impedido. Clássico da 26ª rodada do Brasileirão. (27/09)




3. Futebol ou pólo aquático? Beira-Rio sem o "beira", era só "rio" mesmo. Jogo prejudicado, o gramado do estádio é excelente, mas a chuva do final de semana foi demais! Mas segundo a Comissão de Arbitragem "jogo marcado, jogo jogado". E faca na caveira 02! No fim empate em 0x0. 26ª rodada do Brasileirão. (27/09)




4. O goleiro Rafael, ex-Santos, não contente em defender, também deu uma de armador do time do Verona. Na verdade, ele disse que tentou fazer o gol, mas acabou saindo um lançamento na medida. Rafael ganhou o apelido de “Pazzo Scatenato” (Louco Maluco, em português). Vitória do Verona por 2x0 sobre o Ternana, 3ª divisão italiana. (21/09)




5. Tem horas que a vontade é tanta... O juiz suíço Massimo Busacca não aguentou e pôs pra fora "regando" o gramado. Jogo entre Al-Gharafa e Al-Khor, pela Liga do Qatar. Bussaca é o mesmo que fez gestos obscenos para a torcida no confronto entre Baden e Young Boys, pela Copa da Suíça... (12/03)






Vídeos: Youtube

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Um tapinha não dói


Não, a polêmica da vez não é o baile funk. O “tapinha” em questão é a gíria usada por usuários de maconha e a polêmica é sobre a descriminalização das drogas, mais especificamente a cannabis sativa. Não é uma questão nova. Há muito tempo essa discussão permeia diferentes setores da sociedade: governantes, sociedade privada, usuários, não-usuários, etc. Será que esse “tapinha” dói?

Depende. Usuários dizem que não, é algo natural, alivia o estresse e não causa maiores efeitos colaterais. Os mais conservadores, por sua vez, ressaltam possíveis males à saúde e a alteração de comportamento imprevisível de quem se droga. O que é melhor, ou menos pior?

Não gosto de ficar em cima do muro e tenho minha opinião sobre a descriminalização da maconha. Sou favorável. Nunca utilizei e nem quero, não tenho a mínima vontade. Faz mal? Talvez, mas o cigarro e o álcool também o fazem, mesmo assim são consumidos sem freios perante a uma sociedade que vê e dá de ombros. Então que se libere a maconha. Penso que no momento em que deixa de ser algo proibido, muitos deixarão de usar. O que é proibido é mais excitante, mais divertido. Quem seguir usando que entre no mesmo nível dos fumantes e alcoólatras. Todos têm uma escolha.

Não sou daqueles que pensa que liberando o uso da maconha a criminalidade tende a diminuir drasticamente. Existem outras drogas, mais caras, mais rentáveis para quem as comercializam. Mesmo assim a erva, chamada pelos traficantes de “o preto” (enquanto a cocaína, por exemplo, é “o branco”), segue sendo uma espécie de porta de entrada dos chamados filhinhos de papai, jovens de classe média, na criminalidade. Eles passam a ser o “vapor” dos traficantes nas baladas, escolas, universidades.

Imaginem agora se a maconha, o “preto”, a cannabis, erva ou qualquer nome que queiram dar fosse vendida em uma tabacaria, por exemplo. Sem que houvesse uma imersão de mais e mais pessoas no submundo do crime. A criminalidade em torno das drogas não iria acabar, mas que pelo menos não aumente. A descriminalização pode ser um caminho. Esse “tapinha” pode até doer na sociedade no início, mas ainda sim é melhor do que um tiro.



PS1: Mais um da cadeira de Redação III.

PS2: O professor tem predileção por temas polêmicos.

PS3: Chuva e frio, as duas coisas que mais detesto na vida. ¬¬



Foto: Imagem do curta "Tapa na Pantera" com a atriz Maria Alice Vergueiro. (Reprodução)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Tolerância Zero


Discussão no trânsito. De repente um dos motoristas envolvidos no acidente saca um revolver e dispara uma, duas, três vezes contra o motorista do outro veículo. Bam, bam, bam. Com certeza você já leu algo parecido em alguma página policial uma, duas, três ou mais vezes. Fatos como esse ilustram bem a situação a que chegaram as relações humanas do nosso cotidiano. A tolerância para com o próximo inexiste. Partimos para atitudes extremas.

Jogamos a culpa no estresse. Pressão no trabalho, pressão familiar e até pressão arterial. Não possuímos mais a virtude da empatia, aquela que nos coloca, mentalmente, na posição do outro antes de tomar uma atitude. A ação leva a uma reação imediata e desprovida de raciocínio. Bam, bam, bam. Tolerância zero.

O mundo está cada vez mais intolerante. As pessoas, individualistas e egoístas. Alguns de nós parecem querer distância de todos os outros, não querem ouvir opiniões, críticas e nem elogios. Não querem sentir cheiros, gostos e toques que não o próprio. Sonham em ser ilha, não um ser que vive em sociedade. Cada vez mais as atitudes do outro nos incomodam. Aumenta o tal do estresse, a pressão e... bam, bam, bam. Até quando?

Estamos descontentes com o próximo, com o mundo. Porém nada fazemos para mudar a situação. Talvez não queiramos enxergar, mas antes do próximo, do mundo, estamos nós mesmos. Somos a base desse tipo de mazela urbana, cotidiana. Portanto, além de conhecer-te, “tolera-te” a ti mesmo, antes de tudo. Ou, pelo menos, conte até dez...



PS1: Esse é mais um texto da cadeira de Redação Jornalística III. Vou aproveitá-los para alimentar o blog.

PS2: "Alimentar o blog". Isso me lembrou dos tamagochis.

PS3: Alguém ainda tem um desses "bichos"???




Foto: Google Images